Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

O que distingue a claque de um dos grandes clubes de uma grande claque… dos Irriducibili, da Lázio de Roma às Abelhas Más, do GDC de Silvares Voltar

São vários os estudos de cariz sociológico sobre as claques de futebol e o fenómeno do hooliganismo, do racismo e da delinquência. De facto, são inúmeros os casos em que as claques se envolvem em episódios de violência. Devido à relevância social do clube que apoiam as claques dos maiores clubes de cada país têm sempre uma visibilidade maior.

Em Itália as claques da Lázio têm assumido um protagonismo nocivo para quem gosta verdadeiramente de futebol. Conhecidos pela proximidade ideológica ao fascismo italiano, os adeptos que assistem aos jogos a partir da Curva Norte têm sido acusados de, entre outros “feitos”, reservar as 10 primeiras filas da bancada para homens, entoarem cânticos antissemitas para os seus rivais da Roma ou insultos racistas contra jogadores adversários negros. Por via disso foram castigos com um jogo à porta pela UEFA o qual deveria cumprido na última partida contra o Celtic. Tal não ocorreu porque foi apresentado um recurso. Para não variar, à semelhança do que ocorreu noutros jogos, os adeptos locais imitaram o som de um macaco cada vez que um médio negro da equipa escocesa tocava na bola. Quis o destino que esse atleta, de nome Nitcham, marcasse o golo que ditou o afastamento dos italianos da Liga Europa no último minuto da partida. Curiosamente, ou talvez não, houve depois quem visse nos festejos do golo uma recriação da posição em que Mussolini foi fuzilado na Plaza de Loreto em 1945.

Numa vila do interior do distrito mora aquela que deve ser uma das melhores claques do país. Com muitos menos recursos, com quase nenhuma visibilidade na comunicação da social, a claque das Abelhas Más acompanha todos os jogos do clube pelo qual torcem, o GDC de Silvares. Estão sempre presentes, faça chuva ou faça sol, com bombos, megafones, faixas ou caixas… e, para ser membro deste grupo, apenas têm de ser respeitadas quatro regras: i) apresentar-se com as cores do GDCS; ii) participar ativamente nos cânticos; iii) nunca estar sentado durante o jogo; iv) não ter qualquer reação negativa física ou verbal contra adversários, árbitros ou adeptos de outro clube. Onde quer que estejam espalham magia, criam empatia e promovem a boa disposição. É desta forma que têm vindo a ganhar o respeito e admiração dos seus adversários.

É por isso que as Abelhas Más são diferentes e… únicas!

- 12 nov, 2019
- Sérgio Mendes