Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Webinar em nota a meio-tom: Educação Sexual Voltar

  Sexualidade. Porquê ter medo de falar do que Deus criou tão naturalmente?

               Porque é que a sede de conhecer é acompanhada com o medo de saber?

 

            Nos meios estudantis, cada vez mais se tem reivindicado, a introdução da disciplina de Educação Sexual nos currículos escolares. Por ela, fazem-se manifestações, articulações entre algumas escolas e centros de saúde, convidam-se associações não governamentais para darem alguma formação/informação nas escolas. Mas o facto é que a disciplina não é leccionada ao longo de todo um percurso escolar do aluno, onde ele cresce intelectualmente e fisicamente. Durante todo o processo de intenso desenvolvimento psicossexual, ele confronta-se com milhares de questões íntimas, para as quais não encontra respostas e, quando surgem, são mal esclarecidas, porque, as pessoas na sua maioria não estão preparadas, e ficando a pensar que elas também desejariam intimamente obter respostas. Essas questões, muitas vezes, até visam só esclarecer conceitos, tais como heterossexualidade, prostituição conjugal, sadismo, masoquismo, bissexualidade, homossexualidade, vaginismo, prostituição, ejaculação precoce, ciclo menstrual, abuso sexual, pedofilia, respeito, responsabilidade, contracepção e o género de comportamento a ter perante determinadas situações.

            Aqui cabe-nos perguntar porquê?

Porquê ter vergonha, de falar de forma saudável de sexualidade se Deus nos criou de forma tão natural? Será pecado falar de sexualidade ou de uma conduta sexualmente saudável? Será a sexualidade um tabu quando as pessoas consultam páginas de Internet e se oferecem / procuram nos jornais de forma descarada? Porquê tanto silêncio cínico sobre a sexualidade? Porque se contam anedotas sexualmente escabrosas, entre pessoas, levando-as ao riso e a darem uma pseudo aparência de que se sentem peritas em artes de carácter libidinoso, revelando, às vezes, uma suave castração de quem não teve uma educação sexual saudável. Ora, toda esta conduta é motivo de uma aceitação socialmente “correcta” e, em simultâneo, o reflexo de uma certa menoridade mental de quem não consegue lidar/falar de forma salubre sobre o que está em questão. Isto, às vezes, poderá levar-nos a pensar que pertencemos a um país em que somos educados como anedotas sexuais!

Porque é que não há efectivamente educação sexual nas escolas? Onde estão os professores que fizeram formação em Desenvolvimento Pessoal e Social? Porquê ter receio em debater seriamente a introdução nos currículos desta nova disciplina?

 Sendo a sexualidade leccionada nas escolas, não seria também uma forma mais eficaz de os alunos debaterem, e clarificarem a natureza humana com os próprios pais? É óbvio que nem todos os problemas se poderiam evitar mas, de certeza, que as consequências na conduta humana sofreriam mais saúde, amor, respeito, confiança, alegria e doses de uma irreverência naturalmente mais doce.

 Mas quem vê caras não vê pensamentos e como a sede de conhecer, infelizmente, é acompanhada com o medo de saber…, já é tempo de menos hipocrisia e de falarmos de coisas que Deus criou naturalmente, implementando efectivamente a educação sexual nas escolas.

"Os prazeres chegam-nos diretamente de Deus, não são católicos ou cristãos, ou outra coisa qualquer. São simplesmente divinos", disse o Papa Francisco, citado num livro do jornalista italiano Carlo Petrini.

 

Carlos M. B. Geraldes ( Ph. Dr.)

- 11 set, 2020
- Carlos M. B. Geraldes