Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

"Fico em casa" com Ricardo Tavares Voltar

À espera de um «novo normal»

Na falta de um governo (pelo menos no nosso país, é caso para perguntar: onde andas tu «Ronaldo das Finanças»?) capaz de implementar medidas de apoio para as famílias e para as empresas, até agora mais não surgiram que convites ao endividamento, e de uma Europa que já mostrou que é tudo menos solidária, terão de ser os cidadãos, mais uma vez, a dar o exemplo

O Coronavírus representa para a humanidade, arrisco-me a dizer, o maior desafio desde o ano de 1945, quando terminou a Segunda Guerra Mundial. Este «inimigo invisível» não causa o rasto de destruição infraestrutural caraterístico de uma guerra, mas tem os restantes efeitos nefastos: Porquanto, obrigou-nos ao isolamento, na tentativa de conseguirmos suster o número de mortes que é já muito significativo. O medo, a ansiedade e a incerteza no futuro são também compreensivelmente visíveis nesta «guerra» que hoje travamos.

Não. Não vamos ficar todos bem. Nem podíamos ficar todos bem. Não ficarão bem as famílias que viram os seus entre-queridos padecerem com esta pandemia, nem ficarão bem os «resistentes», que após este período não tiverem o seu posto de trabalho à espera.

Quando o Coronavírus terminar (esperemos que mais cedo que tarde) teremos um «novo normal», e que exigirá muito mais de nós enquanto sociedade. Na falta de um governo (pelo menos no nosso país, é caso para perguntar: onde andas tu «Ronaldo das Finanças»?) capaz de implementar medidas de apoio para as famílias e para as empresas, até agora mais não surgiram que convites ao endividamento, e de uma Europa que já mostrou que é tudo menos solidária, terão de ser os cidadãos, mais uma vez, a dar o exemplo.

Quando a pandemia surgiu, em primeiro lugar, vimos o pior do Ser-Humano – os açambarcadores de bens de primeira necessidade – mas também vimos pessoas que mostraram o seu sentido humanista e altruísta, ajudando os mais idosos e necessitados. São esses o nosso farol de esperança e que nos fazem acreditar que poderemos ter e fazer do mundo um lugar melhor. A solidariedade será necessária para debelar os efeitos do vírus. E podemos fazê-lo, sem prejuízo próprio, ao comprar português e, se for possível, comprar local, nas mercearias, talhos e padarias dos locais onde moramos.

Por agora, resta-nos adotar o único comportamento responsável e que se traduz no título desta rubrica: «Fico em casa». Da minha parte, tenho-o feito, na medida do possível, pois o jornalismo e a vontade que temos de fazer chegar até si a informação de forma clara, objetiva e verdadeira, impede-me de fazer o isolamento que neste cenário seria desejável. Tenho ainda aproveitado o ter mais tempo livre para traçar planos e objetivos para o futuro, para ler mais, para dar uma atenção especial à sétima arte e para enviar mensagens aos familiares e amigos, umas sérias, outras que satirizam o momento vivido, mas que são um bom escape para desanuviar, afinal, o humor é sempre um bom antidepressivo.

Vemo-nos por aí (espero que em breve) e poderemos não ficar todos bem, mas Juntos Venceremos.

- 05 abr, 2020
- Ricardo Tavares