Diretor: Vitor Aleixo
Ano: XI
Nº: 587

Notáveis Covilhanenses: Mateus Fernandes, o covilhanense envolvido na construção do Mosteiro da Batalha Voltar

NOTAVÉIS COVILHANENSES. Originário da Covilhã, Mateus Fernandes foi um arquiteto português, conhecido pelos seus trabalhos no Mosteiro da Batalha

De geração em geração

Mateus Fernandes conhecido como «o Velho», casou com D. Isabel Guilherme, filha de Mestre Guilherme.

Serviu João II de Portugal e Manuel I de Portugal, tendo sucedido ao Mestre de pedraria João Arruda na direção dos trabalhos do Mosteiro da Batalha, que exerceu durante 25 anos.

O Mosteiro da Batalha é um mosteiro dominicano situado na vila da Batalha, na região do centro, província da Beira Litoral.

Foi mandado edificar no ano 1386 pelo rei D. João I de Portugal, como agradecimento à virgem Maria pela vitória contra os rivais castelhanos na batalha de Aljubarrota.

A construção foi realizada ao longo de dois séculos até cerca de 1536, durante o reinado de sete reis de Portugal.

Exemplo de arquitectura gótica tardia portuguesa ou estilo manuelino, é considerado património mundial pela UNESCO e a 7 de julho de 2007 foi eleito uma das Sete Maravilhas de Portugal.  

 

O filho, seu sucessor, também com o nome Mateus Fernandes (II), foi associado à administração das obras do Mosteiro, sucedendo-lhe como Mestre geral, em 1516, nomeado por D. Manuel I.

 

A obra arquitetónica de Mateus Fernandes

O primeiro documento que faz menção ao mestre Mateus Fernandes data de 1480, e nele D. Afonso V substitui-o à frente das obras do Mosteiro da Batalha pelo mestre João Rodrigues.

As causas deste afastamento são desconhecidas, no entanto, existe um documento firmado por D. João II, a 8 de julho de 1491, e confirmado por D. Manuel, a 17 de julho de 1497, onde Mateus Fernandes volta a ser nomeado mestre principal das obras do estaleiro dominicano, cargo que mantém até 1515, ano da sua morte.

Na igreja do Mosteiro da Batalha ainda é possível verificar a campa rasa e placa tumular, que demonstra a importância deste arquiteto na sua época.

Enquanto Mestre das obras do Mosteiro, teve a ser cargo a execução do portal que dá acesso ao recinto das Capelas Imperfeitas, considerada a obra mais emblemática de todas as suas obras.

Apesar do Mosteiro da Batalha ser a sua principal obra, Mateus Fernandes desempenha também cargos de fiscalização de obras. Desloca-se a terras da Beira, no ano de 1508, fazendo-se acompanhar por outro Mestre-pedreiro, Álvaro Pires, para examinar trabalhos que estavam a ser efetuados numa barreira do castelo da vila de Almeida assim como as obras em Castelo Rodrigo e Castelo Branco.

Ainda neste exercício de fiscalização, em 1510, Mateus Fernandes dirige-se à cidade de Coimbra para efetuar uma estimativa dos custos das obras a realizar na cidade e verificar os respetivos arranjos da ponta da cidade e dos boqueirões, nos açougues da Praça Velha.

Uma das obras que a historiografia também lhe tem atribuída é a igreja da Nossa Senhora do Pópulo, nas Caldas da Rainha, onde a estrutura é uma das peças mais notáveis da sua obra de pedraria, facto visível na forma como procurou renovar a decoração, dando-lhe um sentido mais impetuoso e exuberante.

A obra deixada por Mateus Fernandes revela a sua especialização na arte fina e erudita, atingindo um nível nunca alcançado pelos escultores da última fase do gótico.

 

Cronologia

1490 – Mateus Fernandes tornou-se mestre no Mosteiro da Batalha

1508 – Desloca-se a terras da Beira para examinar obras (Castelo de Almeida, Castelo Rodrigo e Castelo Branco)

1510 – Dirige-se à cidade de Coimbra para analisar trabalhos na Praça Velha

1515 – Morte de Mateus Fernandes

1516 – O filho, Mateus Fernandes, conhecido como «O jovem» foi nomeado mestre de obras no Mosteiro da Batalha.

 

Foto 1 – Mateus Fernandes

Foto 2 – Rua Mateus Fernandes, na Covilhã, em homenagem ao covilhanense

- 02 jun, 2020
- Helena Esteves