ARCO MADRID 2020, E OS PRONÚNCIOS DO TEMPO
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A Feira de Arte Contemporânea de Madrid, que este ano celebrou a sua 39º edição, tem-se revelado um dos maiores acontecimentos de nível europeu que marcou a segunda metade do século XX e prossegue no século XXI.
Com altos e baixos, os espanhóis não deixaram que este evento corresse riscos e prosseguiram na senda da sua valorização. Nos mais diversos aspetos. Goza sempre de significativos apoios e representações internacionais, nomeadamente Portugal, sempre muito bem representado.
Há mais de 12 anos que frequento este espaço de criatividade, e sobretudo questionamentos polémicos, uma das funções da arte, entendida nua asserção criativa. Porém este ano, e já sob os estigmas no Covid 19, as coisas mudaram bastante de figura.
Esta 39ª edição encerrou com um balanço muito positivo e um elevado nível de vendas, o que atesta o bom momento que a feira atravessa que contou com a presença de 93.000 visitantes. As galerias e profissionais pautaram-se sobretudo pela qualidade dos colecionistas nacionais e internacionais, para além dos mais diversos agentes da arte contemporânea e do público assistente, os quais intervenientes permitiram o desenrolar das atividades nos 5 dias que a feira durou.
O Arco Madrid 2020 superou a crise do corona vírus com uma ligeira descida dos visitantes, comparada com edições anteriores. A utilização de máscaras tornou-se num momento mais ocasional do que encarado de forma preventivo, se bem que o caso é demasiado sério, pois na altura ainda estávamos muito aquém dos cenários presentes, não fosse o diabo tecê-las! E teceu mesmo, quem imaginava!
Mas adiante. O certame contou com a presença de 209 galeristas de primeiro nível, procedentes de 30 países, constatando a iniciativa o seu compromisso de qualidade dos conteúdos artísticos, em suma, a essência do Arco Madrid. Esta edição viu reforçada a cumplicidade entre galeristas e artistas, unidos num intenso trabalho realizado pelo comité organizador e pelos comissários, que contribuíram em tudo para a maturidade e solidez desta iniciativa madrilena.
O balanço foi francamente positivo, marcado pelo especial dinamismo quer nas vendas e na qualidade dos colecionistas e convidados, a chave de sucesso da iniciativa.
Para os mais curiosos e interessados, recomenda-se uma pesquisa aturada nas plataformas virtuais, para um melhor conhecimento das diversas especificidades que decorreram ao longo daqueles cinco dias de grande solidez cultural.
Como vai ser a 40ª edição! Um enigma tendo por base o panorama que a humanidade atravessa e de consequências imprevisíveis. Para já não faço prognósticos auspiciando no entanto que regressem tempos novos e risonhos, e já agora, que a futura edição nos continue a proporcionar questionamentos, sob diferentes matizes de respeito e dialética com a natureza, ou que este vírus está a ser um aviso ou chamada de atenção face aos comportamentos que a sociedade tem demonstrado para com o planeta Terra.
Ou será este o prenúncio de um novo big bang? Vale a pena pensar nisso.
António Pinto Pires
Professor
- 08 abr, 2020
- António Pinto Pires